Vergar letras, ou melhor, curvá-las após leitura tão primorosa de “América Latina, por favor, um minuto de silêncio: Morreu Carlos Fuentes”, do mestre Curiapebano, Aristides Theodoro, é o mínimo. Li e reli várias passagens deste grande provocador, que sem rabos presos, cutuca a butuca dos farsantes, dos borra-botas, daqueles sempre “senhores da verdade”. Aristides Theodoro, consegue em sua prosa, sem mística e sim bem crua, na lata, rasteira e rápida como a ginga de um capoeira, derrubar muralhas de “ostentação intelectualóide”, e seus narizes em pé. América Latina, foi feita pra ser lida e entendida, nada de floreios farsantes, cheios de mimos, métricas, palavras rebuscadas, entendidas apenas pelos “Eusébios do clubinho”, intelectuaizinhos, bem “inhos”, diminutivos, minimalistas pós-modernos, de tanto rebusque, na realidade é pra esconder falta de talento.
Entre homenagens aos homens e mulheres caros a este bravio da chapada, e ironias aos caras de pau, com sua verve ácida, Aristides conseguiu fazer não apenas uma brilhante obra, com apanhado de seus melhores textos em tempos diversos, muitos publicados ao longo dos anos no periódico, “A Voz de Mauá”, mas também construiu uma narrativa daquelas dignas ao posto de única, e teceu um memorial acerca de algumas personagens emblemáticas no cenário intelectual, nacional e principalmente mauaense.
Nos tempos pantanosos de hoje, entre os muitos senhores da verdade, ler um autor como Aristides Theodoro, que ataca as verdades absolutas, é um unguento pra alma.
Se porventura és um leitor politicamente correto, cheio de “não me reles”, verdades, nojinhos, irritadinho, e todos os “inhos” “ismos” possíveis, indico a leitura urgente de Aristides Theodoro, das duas uma, ou pára pra pensar um pouco os conceitos, ou vá-te embora de uma vez por todas.
André Camargo
Mauá, 10 de Agosto de 2016 / editado em 27/11/2016
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